sexta-feira, 7 de setembro de 2018

A MORTE PEDE CARONA: ADULTOCENTRISMO E INFANTICÍDIO, NÃO SÓ SOFRIDOS PELAS PESSOAS NO TRAÇO AUTÍSTICO



Repensando sobre tudo que contribuem para a despersonificação de cada ser, penso que a partir da impossibilidade de alguns entre os adultocêntricos de se libertar de sua carência, abre-se precedentes para dar continuidade ao adoecer através e em cada infante. 
Isso já é visto desde púbere,  mostra-se mais evidente na primeira infância e, evoluindo assim, talvez nem após a puberdade o descendente de adultos extremamente carentes terão meios de liberdade, muito  menos possibilidade de independência. 
Refiro-me a aqueles que cresceram e não desenvolveram, os que encantados pelo desejo dos seus pais, em belo dia descobre que o desejo é individual e isso se torna amor quando em harmonia com os demais desejos coexistindo. Mas por cargas d’água não se libertaram desses desejos e tardiamente forçam seus dependentes a realizar seus desejos. Estes são os escravos do adultocentrismo, repassando suas mazelas de geração à geração.
É como tivesse aprendido, com os avós, que não somos sós, que no mais íntimo âmago alguém assumiria as dores da vida e as sararia por nós. Como se o Divino não tivesse maiores projetos para nós e teria que vir abrir portas, mesmo que estás fossem para nossa perdição, que Ele não tivesse dado nenhuma chance de desenharmos nosso futuro, que não existisse livre arbítrio.
E, assim, nos tornássemos adultos débeis, carentes do amor, sonhos e projeções. Até sonhássemos, mas sendo fruto do desejo alheio nunca saciássemos as nossas perspectivas e nunca gozantes adoecêssemos, porque a vida não teria sentido. 
Então procriaríamos frustrações e criaríamos desilusões. E  do pouco que nós brotasse seguiria o macabro destino desalentador.
E, enfim, nos netos surgem cativos dos desamparados das gerações passadas, tendo que realizar o impossível traçado já falhado pelos avós e genitores.
Neste mundo adoecido do adultocentrismo, a criança e ou a mulher sempre é a responsável pelos descaminhos. Nessa visão, não é de estranhar que ela é base para a hierarquia e visão vertical nas relações humanas.
Neste contexto, o homem é sempre a vítima. Ao longo da constituição do conceito do autismo se viu isso. 
Enquanto a abordagem psicanalítica tentando identificar que na sobrecarga da mulher com o engodo da maternagem se escondia a responsabilidade do homem na necessária paternagem, uns perversos, porque só desejosos de lucrar com a dor de estar vivo, distorceram esse discurso e colocou a mulher como culpada e não tratou de dividir as responsabilidades entre os genitores no acompanhamento dos filhos. Essa distorção dos comportamentalistas foi um brinde ao machismo, implícito no adultocentrismo infanticida. 
No contemporâneo, mesmo que essa abordagem culposa perdura, acresce a isso a culpabilidade das crianças, em um eufemismo para o infanticídio. Exemplifica tal mal a assistência às pessoas no traço autístico quase que exclusivamente, a base de medicamentos e a enxurrada de terapias  enquanto eles tiverem infância.
Destrói-se assim a possibilidade de ternura da ma(terno)&pa(terno), esse terno como sinônimo de evolução na saída do adultocentrismo. E o assassínio da infância.
Eis o dupla carona da morte.
 Em suma, a contínua miserabilidade de geração à geração.
 Pior que isso não ocorre apenas àquelas famílias que possuem um de seus membros rotulados com o traço autístico.
 Isso se dar em todas as famílias que não se debruçam sobre o sentido da vida.
E de formas mais sofisticadas e com requintes mais cruéis.

sábado, 4 de agosto de 2018

RASCUNHO DO PORQUE OS REMÉDIOS DESPERSONIFICA

Pensando no processo de alienação do eu na lógica do bio poder, no qual, através da medicalização da vida cotidiana, tem-se transformado a pessoa em objeto ou inanimado. Essa objetação, da-se no corpo falante, mas amordaçado e condenado ao ostracismo.
O bio poder é o processo da medicina usada  à moda arcaica e descompromissada com a dignidade humana, nega-se basicamente o direito do indivíduo ao seu próprio corpo. 
Isso vê-se em corpos da da criança, do adolescente, da mulher  e especialmente no da pessoa no traço autístico, como exemplo de vitimização na alienação promovida pela ética adultocentrica e a normativa das diferenças advindas pela ótica machista. 
Estas duas formas de subjugação se expressam como deterministas, de um lado com a despersonificamento da criança e, de outro, do direcionamento da mulher  reduzida ao mundo interno do lar, família e dos cuidados.
Nesta dinâmica, a criança e a pessoa no traço autístico são medidas pelas respostas  hierárquicas,  subjugando-as desde a forma de comportasse, são podadas a regras que elas não foram chamadas, ouvidas e nunca compreendidas, são sim negadas em seus desejos, violentamente levadas a se comprometer com os alheios desejos adultos e dos homens.
Já à genitora, nem sempre entendendo essa dinâmica, cumpre piamente reproduz e reforça seu subjugo, ou quando muito não entende ou concorda, mas com o determinismo machista segue sem forças à crítica e muito menos a revolução.
Até mesmo certos homens, pois nem todos sabem que  agem adultocentricamente e machistas, cegos por certa comodidade e lei do menor esforço, agem sem crítica maior em meios a conflitos, como se em zona de conforto padecem a míngua solitários, depressivos ou viciados.
Nisso, todas e todos são às cegas levados a se comportarem como objetos, como peças de uma grande engrenagem, mas martirizando e pisoteando sonhos, projetos e potencialidades, por negarem-se, matando a criança entre outras virtudes da infância e aquelas apontadas como femininas. Negando a porção de vida em si.
Todavia, isso para uma criança e, mais ainda para uma pessoa no traço, parece muito mais bizarro e surreal. Em seus corpos, quando são amordaçados através dos remédios, os seus comportamentos são cerceados tão brutalmente que elas tendem a murcharem e apagarem seus brilhos.
O que deveriam ser usadas em último caso e de modo terapêutico, se tornam a regra. Em seus corpos são presos, amordaçados e, cedo ou tarde, como catônicos vegetam.
Sabe-se,  quanto as drogas medicadas, do crescente grau de tolerância,  no qual um dia terá que se aumentar a dosagem, como se o estado de desiquilíbrio nunca  extinguisse; sabe-se do efeito placebo, onde as pessoas resistem a paralisia e se agitam em seus corpos para não os perderem; sabe-se que com a idade biológica um dia declinará da antiga tolerância de cada vez maior o uso da droga e tornará dia a dia, a pessoa apática, dos profissionais sabe-se de tantas mazelas da medicalização da vida, mas nada fazem, visam o lucro com a miséria humana (...) e dos pais, em suma querem apenas apagar, negar, matar o diferente que cada pessoa carrega em si. Um tragédia do caos e do lucro.
Querem, inconscientemente, matar a porção diferente da pessoa, aquela que nega a realização do desejo de realização adulta e machista. A certo modo, porque o diferente apenas não aprendeu  ou aceita  se negar, pelo contrário, assumindo sua diferença ama a si e não entende porque não ser assim.
Nisso  os remédios são usados para despersonificar  o diferente da pessoa no traço e as demais formas de ser diferente. Mata-se as potencialidades para enfrentar a adversidade, que faz surgir virtudes. 

segunda-feira, 16 de julho de 2018

O QUE NOS DIZ A PESSOA NO TRAÇO AUTÍSTICO?

Os pronomes, invertidos ou a si mesmo ditos, pelas nossas pessoas no traço autístico, talvez possa sinalizarmo-nos ao que a psicanálise nos alerta do desejo do Outro, aquele representante da cultura, adultocêntrica e hedonista, quais, geralmente os pais, são levados a assumir.
Digo levados porque eles não sabem quanto isso é um compromisso de triplo peso aos filhos, assim se comprometem a realizar o desejo de cada um destes dois adultos e quiçá, havendo forças libidinais, ao seu desejo também.
Entretanto, esse último auto referencia é, provavelmente, o mais complicado ato da existência humana, sobretudo aos que assumem ou vivem no ou com o traço autístico, pois desejos, além de  infindáveis tende a se retroalimentar do desejo alheio, desejo de ser desejado pelo outro. Mas, esse é tema que merece tantas atenções que aqui jamais se esgotaria.
Então foquemos no sentido dos momentos que as pessoas no traço, falando consigo mesmo, diz "tu" vai, quer, comer etc.
Parece-nos que esse é, o modo deles, ao seu tempo, implica-se na instância que encontraram para nos alertar que eles fazem-se ou realizam-se através de cada um dos seus personagens principais. Pois só podemos ser o que somos porque dizem-nos que somos, por exemplo, que seria do professor seu o aluno? 
E esse dizer quem o outro é, já indica-nos um fenômeno da interação, mas de um desejo retraído de uma das pessoa para que a outra possa existir. Um ato humilde e empático. Todavia, no geral, nossos desejos  invadem e se prolongam sobre a vida dos nossos dependentes. 
E isso parece ser bem absorvido pelas pessoas no traço autístico. Pois eles, não só pedem, ordenam que sejamos realizadores não só das necessidades, mas de seus desejos, demandas e etc., denotando que aprendeu a fazer extensão de suas satisfações. Fruto de uma relação simbiótica, que aqui não cabe problematizar, devido as suas possibilidades de evoluções.
Mas também, necessitamos, nós adultos, percebermos que assim eles pedem a quem supostamente detém o desejo deles, a autorização para poder também desejar. É comum eles, como se na terceira pessoa, dissesse de si "Fulano quer", expresso a uma das pessoas significativas, referindo-se a si mesmas nos corpos dos outros.
Sinalizando que aprendeu com quem mais tem ganhos nas relações as imitando. Exemplo disso é que quando na relação marital, o marido tem mais liberdade e poucas atribuições quanto aos cuidados. Estas ações indiscutivelmente são mais caras a alma de quem cuida, pois não é só provado que depois do doente, estes mais adocem, como também são as primeiras a se e serem culpadas pelos momentos mais difíceis.
Então, nesses casos as pessoas no ou com o traço autístico nos ensina quanto são graduados em inteligência emocional, ao imitarem aquele que tem menos peso nas relações. 
Que será que essas pessoas no ensinam com isso?

quinta-feira, 21 de junho de 2018

O ESCUDO DE MUITOS: AUTISMO


Após um período sabático, no qual aproveitou-se da irresponsabilidade de nada dizer, parafraseando Freud, quando dizia que somos escravos do que falamos (...) inconscientemente concordei com o pai da psicanálise, que sou livre do que calo.
Mas, não tem como silenciar quando se refere ao Outro e seus dilemas. Se nós que, mesmo, trabalhamos a partir de uma base fortalecida no tripé da psicanálise: estudo teórico, supervisão com alguém substancialmente mais experiente  e, ainda, especialmente, com um trabalho pessoal, psicanaliticamente falando, cedo ou tarde saberemos da importância de escoar um pouco do imenso aprendizado acolhido em interação com cada paciente.
Então, assim volta-se a tentar contribuir, ou assim, espera-se estar a ajudar as pessoas em seus processo de dignificação.
Egoistamente, pensou-se que isso daria-se apenas em uma obra mais robusta, ancorada e perpetuada em teóricos e sínteses bem amaradas na clínica. 
Mas, lembrou-se quanto ao debate clínico em setitng terapêutico, em suas provocações despidas de maiores mergulhos teóricos, os quais, fazem-nos chegar a maior ancoragem, não só teórica e, se não podemos chegar ao suposto poder de cura, sabe-se quem o alcança é apenas o paciente em seu processo maturacional de autoconhecimento, enquanto nós ficamos no calabouço de nossas bibliotecas.
Assim, pois, eles, todos os pacientes, que quando se autodeterminando à aproximação com suas almas, quase que esquecidas nos recôncavos dos seus corpos; ou estas fugidias, parecem que nessas pessoas não mais vivem e vagam como penadas; ou pior, como alguns mais severos condenam ceticamente, que existem nestes seres uso prejudicial do quase escasso oxigênio desmerecendo o valor deles, como se eles não merecem viver por estarem como zumbis (...) em suma, na clínica, todas as possibilidades de viver ou morrer se desmascaram.
Na labuta com os que convivem com os acometidos no traço autistico não poderia ser diferente, ao contrário, isso fica mais latente evidente.
Isso posto, sobretudo, porque são os acometidos que lastimavelmente, tem o grande labor de ensinar aos, supostamente, mais maduros – sejam os pais, profissionais da saúde, educação e demais agentes das precárias políticas publicas -  como estes podem  os acessar em os aceitar e, não só meramente os respeitar. Isso porque respeitar tem vínculo com direitos e deveres, mas em país que as leis são evoluídas melhor funcionaram, mas por nascerem  verticalmente, de cima para baixo, como ocorrem em países em precário desenvolvimento humano, o direito é um raio que quase nunca cai duas vezes em mesmo lugar.
Então, as pessoas no traço, ensinam-nos, a todo estante, como os amar. Essa lei, universal – imponderável, universal e eterna – é a única capaz de  garantir, para além da liberdade, a independência não só do filho com o traço autístico e, sim, aos seus responsáveis por elas, que na maioria  das vezes, utilizam-se  de formas de  usar essas pessoas no traço autístico para não enfrentarem seus próprios dilemas.
Quer-se dizer que a maioria das pessoas que consciente ou inconscientemente, alegam não viver por ter que cuidar dos filhos autistas o fazem, quase sem perceber ou aceitar, para não enfrentar seus próprios limites que retroalimentam suas próprias dores.

domingo, 19 de novembro de 2017

Conhecer para libertar e além

A Psicologia como ciência que pretenda ser observadora para além do comportamento observável, parte de uma Responsabilidade Social, mas não pode se render a apenas isso, deve considerar que a sociedade é onde surge as diversas formas de sofrimento humano. 

Parafraseando o poeta, penso que 'qualquer abordagem é menor que a vida de qualquer pessoa'. Sobretudo, porque a mera Saúde, não se resume mais a (bio)poder, ou seja ao suposto poder do homem sobre o corpo, Freud já bem preconizava isso, quando implicava que somos regido pelo inconsciente, ou melhor, pelos desejos e suas formas de satisfação. Então, chegamos, a inevitavelmente, à saúde como  bem estar físico, social, mental e, porque não, espiritual.
Neste contexto, a Psicologia tem que ser escrava da busca da facilitação da qualidade de vida, quero dizer, a nossa ciência deve evoluir para além do cuidar, não preso a um suposto poder de curar, pois isso é apenas ação daquele que se encontra doente se este não desejar nunca se curará. Só este pode fazer seu remédio subjetivo através do autocuidado tanto preventivo e, apenas ele, detém o poder de emergir  do seu próprio sofrimento e, o perceber como menor que a dor da dádiva fatal qual é viver.
Neste sentido, cabe a psicologia, no tocante de todas as famílias Cuidar de quem cuida, como das demandas de formação e desenvolvimento subjetivos em família. 
No tocante as famílias com pessoas no Transtorno do Espectro Autista - TEA esse cuidar se faz impreterível. Mas antes, seguindo orientações técnicas da Organização Mundial de Saúde, não se pode mais ver estas pessoas como vítimas do sofrimento, mas sim, como  (Des)abilitados  Psicossocialmente, pois não se deve mais falar de autismo e sim, Autismo(s),para tanto, proponho que os vejamos não como pessoas do TEA e sim como Pessoas com Traço autista, cada um tem vivencia sua peculiar forma de convivência. 
Portanto, por exemplo, basicamente o que faz a família sofre com as chamadas Estereotipias, não deve mais ser vistas como esquisitices, sofrimento e sim mecanismos, por parte da pessoa com traço autista, de tentativas de saídas do que o desequilibra, pois tais ações comportamentais são formas de busca de homeostase(equilíbrio) e reorganização biológico, o corpo em sofrimento em complexa interação social.
Neste contexto proponho uma(Co)responsabilidade nas relações sociofamiliares possível apenas do que chamo da Liberdade Assistida, digo, uma observação crítica e construtiva libertária efetivada no exercício formativo potencializado na ação Pater&Materno, basilar para exercício partilhado da formação e desenvolvimento familiar.
Especialmente porque a saúde com cunho do (bio)poder a muito tem culpado o filho como sintoma do sofrimento da família, esqueceu que aprendemos por um processo espelhar, imitativo de atos com consequências satisfatórias. Quero enfatizar que toda a pedagogia e formação das pessoas devem lembrar que imitamos o que potencializa o prazer. Isso deve ser a bussola para dar exemplo aos filhos e assim assistir as vitalidades de cada filho.
Em suma, somos regidos pela satisfação. Então as consequências dos atos que evidenciam gozo são os que seguimos como meios de sermos felizes. Todos os filhos, atípicos ou não, também buscam realizar seus desejos.
Entretanto, isso ocorre até percebermos que apenas realizar os desejos imediatos é mera alienação, ou seja, temos muitos vícios sociais a nos seduzir. 
Assim, as relações humanas tem que ser potencializadas para o  (Auto)conhecimento. Um bom caminho para isso é não ter preconceito de ter preconceito do desconhecido. Este, nos divide pela diferença e, se não alimentarmos o que nos separa sendo discriminadores, o conhecimento do desconhecido nos fortalecerá para o exercício de uma liberdade assistida que fomente não só a autonomia, liberdade e, quiçá, a independência possível de cada filho e a nossa, para além do prazer meramente emergente e, sim para frutos da ciência da paz, harmonia e homeostase, como o amor, empatia e alteridade.

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

PATERNAGEM E O DESEJO INCONSCIENTE: ÚNICO CAMINHO, A SATISFAÇÃO.


Pensando sobre o desgaste que o amor desinteressado, amar por amar como única forma de viver, tem sofrido, especialmente na ética das relações íntimas, fico a me indagar a que evolução a sociedade contemporânea se gaba.

Como sou daqueles que pensa a saúde como bem estar social, mental e físico, ao qual acresço o espiritual, em todos os sentidos, acuso que, sinto quanto devoluímos drasticamente, pois estamos pulando as cegas a um precipício sem precedentes e sem onde se segurar caímos em nosso pior, denso e profundo buraco que desconhece seu fim.
Vejamos, temos entre nós pensadores da saúde mental que há muito, para ajudar a sociedade entender a noção de bem estar e qualidade de vida, dizia que nas relações formadoras das subjetividades, os filhos seriam o sintoma da família.
Pego essa noção e traduzo a partir de Freud, que para exemplificando que não dominamos nada, nem nossos próprio conjunto biopsicossocioespiritual. Nisso, Ele não citou esse neologismo, mas sim o conceito do inconsciente e informou-nos como este nos rege, para o explicar, formalizou-se a noção de iceberg. Na qual, a ponta exposta é a consciência nossa dos conceitos que supostamente domamos, a lâmina da água seria a nossa pre-consciência e, a grande parte da pedra de gelo submersa seria o nós mesmos que não acessamos e, sim, somos domados.
Assim, parafraseando essa metáfora freudiana aos atuais debates de saúde, penso que se o filho é o sintoma dos dilemas familiares, facilmente vejo-o como a ponta do iceberg, enquanto a lâmina do mar seria as descobertas recém chegadas do inconscientes ( chegadas então pré-consciente) feitas e vividas, ou sobrevividas pelas genitoras diante das dores provocadas pelo genitor como se domado por forças dantescas, por todos desconhecidos mas que busca o prazer imediato e total, como o inconsciente é.
Notadamente, os homens, diferente dos ainda machos, têm evoluído em perceber quanto seus desejos silenciados, porém evidentes em atos egoístas ao máximo, têm dizimados paz em tantas gerações, por que não dizer de toda história da atual humanidade. E assim, alguns evoluem de machos a homem e lutam contra os impulsos que o domam.
Assim, traduzo que nossa melhor referência desse inconsciente desconhecido e temido por puro desconhecimento é a relação desigual de poder. Esta tem sido responsável por genocídios, infanticídios, entre tantas outras formas de se matar. Atualmente chamamos de feminicídios, genocídio da juventude negra, marginalização dos que têm precário acesso aos direitos e, têm acesso contínuo as prisões e subempregos que são os eufemismos para a escravidão.
Então, o inconsciente sendo o maior vetor do ser humano, onde nasce as pulsões, ou seja, os desejos, precisam ser estudados e acessados. Isso por aqueles que precisam viver, ou seja, amar e ter paz. 
Estas relações que devem ser nossa evolução. Estes desejos inconscientes tem que ser domados para não mais escravizar a quem não os controla por pura ignorância, simplesmente não o conhece.
Seria solução, naturalmente não, pois o desejo advindo do inconsciente além de ser enormemente incalculável, ele é atemporal.
Mas ele tem um único norte, a satisfação. Conhecendo-se pode-se viver mais em harmonia com seus próprios demônios. Ignorar suas existências é sinônimo de loucura.

sábado, 11 de novembro de 2017

PATERNO (AUTO) AMOR INDISPENSÁVEL

Estes dados a seguir, partem de uma mera e pequena experiência empírica advinda de uma clínica em psicologia  com origem, basicamente, analítica, porém que não se rende a qualquer método além da qual busque a melhor forma de acolher a demanda de quem o procura através da precária experiência.
O que não impediu de especular para além dos filhos serem os sintomas dos seus respectivos pais. Por outro lado, se são as mães as principais coadjuvantes as quais mais sofrem com os filhos, estes tidos como “ponta do iceberg” dos dilemas enfrentados, a cada dia mais acolho as pessoas que confiam a mim suas lindas história, de sofrimento sim, mas como dizia o poeta “qualquer canto é menor que a história de qualquer pessoa”, portanto, belas vivencias, sobretudo, porque tais mães ante tais sofrimentos vivem sucumbindo suas próprias identidades, por terem tamanhas demandas atrelada ainda mais aos dos seus companheiros, como o restante, a base do iceberg, submerso ( por assim dizer, encoberto), pelas demandas sociais impostas pelo mundo feito para os machos, no qual, elas não tem quase nenhum espaço para exercitar suas identidades, nem no seio de suas alcovas, onde até ali tem sido negadas suas verdadeiras faces, são apenas, geralmente,  esposas ao bel prazer dos companheiros e muitas na alcova são privadas de qualquer prazer.
Neste contexto, quero pensar que sendo os companheiros dessas a continuidade da ponta dos icebergs onde os filhos representam em suas demandas desafiadoras a menor demanda na realidade, pois, alguns dos companheiros, de certas mulheres, carecem de serem tratados para evoluírem em suas percepções, estas a serem alertadas de certos vícios que a sociedade incute nas relações sociais.
Assim, para tal precário conceito, cabe salientar que o conceito de a ponta do iceberg não corresponde a mais de 5% dos dilemas da vida, enquanto o restante poderia ser representado pelos dilemas do suposto poder incutido para os homens, no qual muitos se tornam meramente machos. Assim, incute-me a pensar que neste suposto poder surge as relações desiguais de poder que é a base exemplar de todas as desigualdades e violações aos direitos basilares.
Sei que muitos usufruem das desigualdades e quando se utilizam destas desigualdades, desde aquelas análogas às implícitas na relação machista, até estes, carecem de suporte terapêutico, pois cedo ou tarde, saber-se-á que de quem usufruem destes suposto poder, padecem de um mal maior, que aqui me resumirei a chamar de carência de amor, vistos em tantas formas de vícios como o alcoolismo e violências mil, todas análogas da depressão e ansiedades em suas milhares de facetas.
Todos estes que assim sofrem, carentes de amor como amar uma mulher, companheira esta tona-se também vítima do mesmo mal sistema, que hoje facilmente se chama capitalismo, onde o consumismo é a maior metáfora para as relações objetais, das quais as pessoas são “coisificados” alimentando na sociedade um ciclo perverso de violência sem precedentes, ganhando para números de momentos beligerantes oficiais.
Enfim, tal reflexão fica-me mais evidente ao acolher pessoas com o traço autista. Destas, as suas famílias, elas não só são a ponta do iceberg em cada núcleo familiar, mas também, suas mães sofrem com as demandas dos genitores que suplantam as daqueles filhos que aprendem ainda mais a demandar às suas genitoras copiando estes adultos imaturos. Isto em um ciclo de destruição da identidade de cada mulher em cada família.
Tal realidade,alimenta-me a tentar a sensibilizar a tais genitores a se verem mais frequentes nestes processos diante do sofrimento que muitos ignoram promover, até inconscientemente. Portanto, conclamo a cada um destes, por amor destes e as suas respectivas esposas, filhos e ao favorecimento da mantença da harmonia em família, que eles se permitam a se conhecerem melhor e, assim precaver seus padecimento e dos seus, onde suas atitudes tem favorecidos o sofrimento destes em  uma ‘ciclicidade’ de seus próprios adoecimentos

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segunda-feira, 15 de maio de 2017

"TENHO UM SONHO": SER OU NÃO SER

A comunicação é mais que ouvir. Não só ouvirmos pelos ouvidos, pois eles apenas dão acesso ao sistema decodificador do que sentimos da  vibração sonora. 
Para entender tal vibração, tem-se que ir além do ouvir e escutar, deste, pois se faz necessário saber traduzir o código, ou seja, de alguma forma estar inserido na cultura do que se foi propagado, verbalizado ou outras tantas formas de expressão.
 Esta é a razão que para se falar necessariamente,dá-se-nos um rico processo, qual pouco damos contar da preciosidade nas ondas sonoras, percebidas desde os poros, ouvidas, escutadas, entendidas como significativas, afetando-nos de maneira impar, emocionalmente, em suma, processos anteriores ao o comunicar, que sabemos muitas vezes infelizes, nos comunicamos até de forma vil.
Todavia, até entendida, pois diante de tantas  sujeiras desinformações - devidas a tantas poluições não só sonoras, visuais, culturais etc. - que é provável que traga certas dificuldades contemporâneas -  no tocante de seres verbais que não se apercebe de que cada dia somos mais forjados para relações cada vez mais poluídas sem sentido, para nos desnortear, ao ponto que tem crescido formas de respontas violentas às interações até com quem nós mesmos cativamos.
Parece que com a ensurdecedora velocidade das tecnologias somos levados a querer dessa mesma forma responder, no mínimo no compasso dos pensamentos sinápticos (por assim dizer) rápidos nas respostas para não nos comprometer com os sentidos e assim não alimentar sentimentos. É como se sabe, quem muito fala, muito tende a errar. Assim, ficamos menos afáveis.
Assim a cada momento paramos de entender o que escutamos  e mais aceleradamente agimos imitando e reproduzindo ecos alheios aos nos mesmos, respondendo como máquinas prontas para apenas dizer sim, diferente as pessoas autistas, as quais lutam para que suas atipias acomodem suas necessidades e forcem suas satisfações. Nós ao contrário, usamos até o que não precisamos.
Basta observar a tantas manias e até posturas diretamente ritualísticas comportamentais freneticamente viciadas, ampliando a cada dia mais frieza e distanciamento do calor humanos, ficamos mais e mais em nossas cápsulas solitárias. Quem nos dirá quem somos? Sozinhos?
Estamos deixando de sermos nós mesmos. 
Isso se dar mais ao frenesi dos teclados acelerando a distância afetiva e responsável pelos que cativamos. Calor mesmo apenas o das baterias que parecem ser o time  da responsabilidade em cada relação. 
Trocamos as palavras por siglas ou figurinhas que denotam nossas supostas emoções. Dizem que estamos em uma transição, será para o bater do coração virtual e artificial. As palavras sofrem onomatopeias reduzem não só a língua, mas todas a necessidade do outro.
Entretanto, nestes distanciamentos quando seus cultivadores, os cativos ou viciados são convocados a interação face to face  perguntam-se to be or not to be  eis a questão? Entretanto, como cada dia somos menos nós mesmos, pois a ideia e nos tirar o último sonho, que é viver em harmonia com aquele que dizem a nós mesmos, quem somos e partir dessa interação ampliamos da harmonia ao amor.
Então, parece que apenas sofremos, como se permanentemente diante de espelhos nos vemos nos outros apenas quando estamos online  e quando descarrega a bateria, o offline nos acusasse, através do olhar e da língua do outro. E este outro não construísse nada além de uma babel em forma de muro nos separando porque nos assustamos com o que se diz de nós mesmos. 
E não mais nos reconhecendo e entendemos agimos incomunicáveis, processando assim o princípio do fim, o caos a porta. A violência. 
É assim, que as grandes marcas e ideias vendem-nos o que não necessitamos. Comemos o que nos destrói. Matamos o que nos ama. É assim que surge a relação objetal, onde o outro é meio e não o fim de todas as coisas. Assim se dá a comunicação violenta.


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Imagem, Créditos:
http://blog.maristane.com/2013/10/21/i-have-a-dream/

quarta-feira, 10 de maio de 2017

OS PARA QUE DA SOLIDÃO

A solidão é uma das maravilhas aos que buscam autoconhecimento, ou ao menos, a um indício de como acessar uma melhor  integração com o universo, mas é sem dúvida, um meio de evolução ao Divino. Através dela, por exemplo, creio, tem-se mecanismos de uma conexão mais palatável com o imponderável, que naturalizamos chamar de morte.
Entretanto, neste século, o da pós modernidade, isso se tem descaracterizado. A solidão declinou-se, (d)evolutivamente, a ser consequência do "mal do século"(1), aquele famigerado e vicioso comportamento superficial das relações virtuais.
São inúmeras as formas viciantes, especialmente nas teias das redes sociais, que vão de evitação de ser como se é ao extremos de se demostrar apenas um suposto belo artificializado. O gritante disso é as relações descompromissadas, como meio de aliviar uma dor por outra. Pois, a falta de responsabilidade consigo afetará, diretamente, a quem convive com quem tem  medo de olho no olho ( digo, alma a alma).
No fundo, teme-se o sofrimento que supõe está nas esquinas de cada troca de contato simplesmente profundo, mera e geralmente porque também sentimos que fomos todos traídos por quem mais críamos como responsáveis por nossa segurança emocional. Mas eles também, provavelmente temeram e, logicamente erraram.
Assim, justifica-se ( pensa-se) viver desfrutando apenas do "melhor das pessoas" captadas em selfes, descartando as maus momentos como descartáveis, como se fossem nossas vivências meras imagens.
Em geral, teme-se a dor, reafirmo.
 No entanto, como alcançar uma vida mais plena sem o antivírus do diálogo e do processo empático, só alcançado pelo amor (e amar não só aos que nos dão contentamento e, sim aos que nos fazem doer), ou seja, não fazer com o outro "o que você não quer que seja feito com você"(2).
Com certeza não é naquela solidão entoxicada  pelo vírus da falta de aceitação de nossa única virtude, e sim a do amar as diferenças e, na aceitação dessas, não como nos queremos e sim como elas na realidade são. 
Só assim, transformaremos nossa vida privativa em mais sinceros selfes, ou seja, seremos mais intensos em nossas formas de viver e não meras faces de sorrisos pálidos e sem vida.

terça-feira, 9 de maio de 2017

UMA POSSÍVEL MAGIA DA VIDA NA PESSOA NO TRAÇO AUTISTA


Lendo os depoimentos mães colaboradoras deste blogger,  fica-me mais do suposto sofrimento de ter um filho atípico, percebo  evidencias do não saber lidar como a expressão atípica de cada filho. Isso é ampliado com um certo descompromisso neste acolher por parte de alguns pais, promovendo maior  desamparo a suas respectivas companheiras e, imagine, ao filho. Isso acontece, quando, especialmente, foca-se mais na doença, trata-se a criança como objeto de estudo e,  o deixa sem infância, na realidade, quase sempre, nestes contextos, nem o percebe. E ainda há aqueles que dizem que filho não tem nada, erram  por falta de humildade ao não assumir que nada sabem e atrapalham possíveis intervenções mais estruturadas. 

Claro, alguns dirão que esse psicólogo não sabe o que é viver vinte quatro horas com as situações cada dia mais complexos, difíceis. Mas não quero trazer mais sentimento de culpa.
Por outro lado, confesso que tenho pacientes tão  complexos que passo horas a fio pensando como ajudá-las a  perceberem que suas situações são pertinentes, naturais e comuns a todos, apenas elas tem e assumem suas próprias maneiras de se adaptarem a cada contexto, apenas porque são pessoas também atípicas.
Não que isso seja, necessariamente, base para sofrimento dos genitores ou ainda, fonte do transtorno que acomete aos filhos destes. Mas, quase sempre os filhos são sintomas da dor dos pais. Nos atípicos, isso é mais evidente, como também com aqueles filhos que se envolvem com riscos sociais e vulnerabilidades pois assim aprenderam em seus lares.
Estes estão em seus processos em biopsicossocial e espiritual, do qual os pais não entendem e correm enquanto podem a busca de tratar o filho absorvidos pelo desejo de os ver, sentir ou fazer "normais". Como se Deus, Alá, Buda, Crisna etc. poderiam ter errado em sua obras primas. Não porque somos únicos, mais sim porque  somos todos diferentes e cada um com seus limites e virtudes.
Já falei em outras postagens que não devíamos ficar lamentando porque nossas crianças não usam nossas linguagens, mas quem disse que o corpo, olhos, mãos e sons não comunicam. Digo que pecamos em querer que eles queiram que falem esse nosso precário modo de falar. Disse também que ao menos eles aprendem menos certos vícios nossos. E se percebemo-nos através destes, também entenderemo-nos com cada uma dessas pessoas.
Portanto afirmo que temos que irmos ao mundo, falar a língua do filho e é bom que sabemos que eles se comunicam com tudo e quase sempre de maneira não convencional, então temos muito a aprender com eles. Eles não são bobos eles percebem o pouco ( por ser singelo, então nem sempre percebido) que essa forma de vida nossa tem a doar. Na realidade, creio que cada pessoa no traço autista, tem nos alertado para a rica simplicidade da vida que teimamos esquecer.
Temos que atentar pela vida e segurança deles, pois se eles não tem noção de perigo ou são mais tolerantes a dor ele podem vir a se machucar, mas não devemos os sufocar eles precisam ser estimulados a se defenderem  e conviver com nosso mundo adoecido. E devemos pensar como os estimular a perceber esses riscos.
Enfim temos que deixar de nos punir. E um caminho a isso é  revivermos nossa criança interior e lembrarmos de nossas mágoas e as perdoar e seguir enfrente porque nossos filhos não precisam delas. Você dirá, que ele está dizendo, afirmo isso que tens horas que nem percebemos que queremos viver no nosso filho o filho que fomos, como se fosse um  carma, ou uma missão, estágio evolutivo. Garanto que estou preparando algo sobre o biospsicossocial e espiritual para pensarmos sobre, mas não podemos sair do social onde aprendemos a ser  nos mesmos, mesmo que é na relação social que adoecemos. 
Mas, a nível espiritual, mesmo sendo tu e teu divino, sabemos que o resultado disso é a paz e amor ao próximo, uma espiritualidade que não flua para isso, tem algo errado. Nós amamos ao outro não apenas para termos paz. Veja, parafraseando o Cristo, por exemplo,  amai o vosso inimigo  isso apenas para que nosso rivais fiquem em paz conosco e não nos ataque. Na visão cristã pecar é errar o alvo. Então, por esta última é que você perde a salvação e não por amar ou deixar de amar, pois isso só traz lucro para ti, enquanto pecar você macula o espirito santo que usa seu corpo como templo e morada.
Da mesma forma, então, você aprende a amar seu filho autista porque para ter paz com a forma atípica dele e poder interagir,  mas não extinguiremos os rituais e manias, mas por exemplo amando  entenderemos que são expressões de cada um e, representa ou quer dizer algo e assim, portanto, facilitaremos a auto aceitação dele e nós a eles também.
No geral eles precisam de nós como quem precisa de confiança e não quem a persiga para lhes e as tira o prazer da expressões incomuns, quais eles não se importam em lugar e tempo algum de se expressar porque fluem de suas satisfações.E se assim o é, é porque lhe traz prazer pode comungar com a realidade dura e seca da vida é esse nosso dever: Não deixar que eles percam a magia na vida.
Então é essa magia que precisamos recuperar em nós mesmos.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

O ÚLTIMO GOLPE NARCÍSICO, PARA UMA EVOLUÇÃO PARA ALÉM DA RELAÇÃO DESIGUAL DO PODER: CASTRAR-SE DO MACHISMO


Em uma sociedade  que valoriza o que se tem, parece esquecer que quanto  mais ricos existirem mais miseráveis multiplicam-se. Enquanto educarmos filhos para serem  melhores ,em suma, competidores, mais favorecemos desejos, ou seja, favorecemos o fim da solidariedade, alimentamos, portanto, assim, violência.
Desde  que me percebi  “como gente”, como  se fala em minha região, percebi-me como sedento por revolução. Assim, pensei ser professor lamentavelmente, convivi com professores que  eram “pelegos” em sua maioria, o que me frustrou  favorecer  canalizar minha revoltas para um coletivo  em formação  política; fui às artes como música, teatro, poesia entre outras que não são valorizadas em um país  instruído a não  pensar e, até nestas, ficam  evidentes “que o rio corre para o mar”, ou seja, também se é,  nelas efetivadas as diversas máscaras da segregação; até  que me vi condenando aos ditames das gerações  passadas, que vêm no “trabalho (o que supostamente) dignifica  o homem”, foi então que me vi acoçado pela escravidão  que se camufla na eufemia das relações desiguais do poder do mercado; por fim, vi-me expurgado a voltar aos estudos, quem sabe para entender os mecanismos  de revolucionar  o mundo e, foi então, a psicologia, instrui-me, e cotidianamente vejo que só  existe única revolução: a subjetiva e em harmonia com os anseios alheios.
Foi assim que entendi e aprendo a cada dia que ser só é, saber  a cada dia mais, aonde e como lidar com as pessoas. E lamentavelmente, percebo que de tão  sofrido, o meu povo encontra-se contentando com “migalhas” dos prazeres imediatistas e soluções cada vez mais superficiais, em tal situação pensar, criticar, ponderar antes de agir “sairam de moda”.
Nisso, fico cada dia mais convicto de que a solidão tem ritmado a solidariedade, tanto que ajudar e responsabilizar tornaram-se sinônimas. Assim, o ato  de amar tem se percebido  como ingênuo e “tirar proveito” é  a regra e, nesse sentido, parecem crer que apenas corruptos  são os “engravatados  de Brasília”.
Isso tudo relaciona-se implicitamente com o machismo, o último golpe  que precisamos nos dar para entendermos as mazelas das relações  desiguais de poder. Decepando aquelas formas de relações  que se configuram nas relações hierárquicas como macho/mulher, adulto/criança, rico/pobre, patrão/empregado é que podemos sentir nossa particular revolução em ebulição.
Em todas estas e qualquer  integração  humana, em que houver violência, especialmente  a psicológica, por ser tão  impactante que leva a vítima se sentir culpada, é  que me afiança a dizer que toda a miserabilidade  humana está na propriedade  privada. Pois, é  na ideia de posse que se escondem todas as forças da vildade.
Enfim, entendo porque  sou esquisito, tosco ou até  antiquado  para esta sociedade, mas não temo essa solidão, parafraseando o poeta revolucionário “assusta-me o silêncio  dos inocentes” diante de suas próprias desgraças.
Entristece-me sim, ter tantas gerações perdidas sem se revolucionar, presas a mentiras tantas. E lutam e morrem por nada ou sem viver, cambaleia drogados por falta de “não falar das flores”, quero dizer, não degustam dos encantos  reais dessa vida. Vão sendo bitolados a favorecer as formas e relações desiguais por um suposto poder. Esse sendo, o necessário, último  golpe narcísico  que devemos  dar-nos.
Enquanto  eu também  definho, cada dia mais as relações  ficam mais utilitaristas, restando-me apenas aprender precocemente o gosto de cotidianas despedidas. Estranho, pois as pessoas mais próximas estão sendo, neste últimos tempos, os pacientes e, neles eu tenho contentamento pois os vejo se revolucionando. Meu legado, portanto, é  suportar o servir ao próximo e assim, amar vivendo servindo.

A MORTE PEDE CARONA: ADULTOCENTRISMO E INFANTICÍDIO, NÃO SÓ SOFRIDOS PELAS PESSOAS NO TRAÇO AUTÍSTICO

Repensando sobre tudo que contribuem para a despersonificação de cada ser, penso que a partir da impossibilidade de alguns entre os ad...